Intervalo
20.06.2020
31.07.2020
A exposição evidencia uma dimensão comum ao trabalho dos quatro artistas: o tempo ou, mais concretamente, a pausa. O que se mostra é que o movimento constituidor da obra, vivo e expressivo como é, se pontua a si mesmo de intervalos e como a materialidade que daí resulta é potencialmente infinita, quer na sua substância, quer na sua forma.
As esculturas de Bruno Cidra (Lisboa, 1982) e de Vera Mota (Porto, 1982) vemo-las a ponto de mover-se, como obras dançantes. No caso de Mota, também como salto e ressalto que se oferecem à leitura em sequência da repetição do movimento de procura e de resposta, performatizado às ordens da matéria e do mistério de que se fez obra. Em qualquer das obras dos dois artistas, e nos desenhos que também detêm, vemos o tempo a compor-lhes a forma: nos tracejados negros do ferro sobre a parede da galeria, nos claros e espessos da linha-mancha sobre o chão que contornamos em movimentos intercalados de aproximação e afastamento conforme reclama a obra quando se entrega à leitura.
Não é diferente, aliás, do que acontece nos desenhos de Marco Franco (Lisboa, 1972), pelos gestos ora firmes e assertivos, ora longos e suaves, ora curtos e repetidos à exaustão compreensiva e requalificada no próprio seio da obra do fazedor, ora ainda únicos pela impossível repetição do gesto ou pela fruição que, se absoluta, prescinde da renovação.
E o mesmo sucede no desenho sonoro de Tiago Miranda (Guimarães, 1975) onde os sons se repetem e se movem e repetem, e se alteram e contorcem e se ativam de novo, quando escutamos a peça, uma e outra vez. Mesmo quando o esperamos vindo do suporte reconhecido ou nos reconhecemos a nós mesmos como veículo da matéria sonora.
Há sempre a iminente ativação. Em todos eles, sempre a suspensão e a continuação de algo que, por natureza, pausa e segue. E é por isso que as obras da exposição se conectam, porque mostram como o ritmo é fonte para o trabalho estético e como a sua materialidade expressiva é múltipla, ilimitada e, contudo, absolutamente singular.
Maria Joana Vilela
- Bruno Cidra
- Marco Franco
- Vera Mota
- Tiago Miranda

Intervalo
Vista de exposição

BRUNO CIDRA
Sem Título
2016
Ferro e papel
180 x 450 x 80 cm

Intervalo
Vista de exposição

MARCO FRANCO
Sem Título
2020
Pastel seco sobre papel
28,6 x 21,5 cm (x4)

MARCO FRANCO
Sem Título (detalhe)
2020
Pastel seco sobre papel
28,6 x 21,5 cm (x4)

MARCO FRANCO
Sem Título (detalhe)
2020
Pastel seco sobre papel
28,6 x 21,5 cm (x4)

MARCO FRANCO
Sem Título (detalhe)
2020
Pastel seco sobre papel
28,6 x 21,5 cm (x4)

MARCO FRANCO
Sem Título (detalhe)
2020
Pastel seco sobre papel
28,6 x 21,5 cm (x4)

Intervalo
Vista de exposição

Intervalo
Vista de exposição

MARCO FRANCO
Sem Título
2020
Grafite sobre papel
28,6 x 21,5 cm (x2)

MARCO FRANCO
Sem Título
2020
Grafite sobre papel
28,6 x 21,5 cm (x2)

MARCO FRANCO
Sem Título
2020
Grafite sobre papel
28,6 x 21,5 cm (x2)

VERA MOTA
Ensaio. Pausa, repete.
2020
Feltro, mármore, pano cru, areia, vidro, cobre, ferro, granito, couro, borracha, alumínio, latão
Dimensões variáveis

VERA MOTA
Ensaio. Pausa, repete. (detalhe)
2020
Feltro, mármore, pano cru, areia, vidro, cobre, ferro, granito, couro, borracha, alumínio, latão
Dimensões variáveis

VERA MOTA
Ensaio. Pausa, repete. (detalhe)
2020
Feltro, mármore, pano cru, areia, vidro, cobre, ferro, granito, couro, borracha, alumínio, latão
Dimensões variáveis

VERA MOTA
Ensaio. Pausa, repete. (detalhe)
2020
Feltro, mármore, pano cru, areia, vidro, cobre, ferro, granito, couro, borracha, alumínio, latão
Dimensões variáveis

MARCO FRANCO
Sem Título
2020
Transferência de papel carbono sobre papel
21,5 x 28,6 cm (x2)

MARCO FRANCO
Sem Título (detalhe)
2020
Transferência de papel carbono sobre papel
21,5 x 28,6 cm (x2)

MARCO FRANCO
Sem Título (detalhe)
2020
Transferência de papel carbono sobre papel
21,5 x 28,6 cm (x2)

TIAGO MIRANDA
Arrière-boutique
2020
Disco de vinil 10” (45 rpm, duração: 4’40”), gira-discos, mesa de mistura, colunas e espelho
Dimensões variáveis
Ed. 3 + 1 PA

Intervalo
Vista de exposição